domingo, julho 27, 2008

último suspiro

o frio penetra os dentes
arranha as narinas
a dor lacera os ossos
a cor some dos olhos
a face que se some sob os dedos
a face que se some sob os dedos
a face que se some sob os dedos
a face que se quem se importa ?

o tempo pára
não
o tempo acaba

o espaço aperta o espaço
as mãos empurram em vão
as pernas empurram em vão
o ar pesa sobre os ombros
o peito arfante guarda
o coração pulsa
aguarda
nada
nada
nada
acontece

o pulso, a repulsa,
o nefando, o mesmo
o sangue em desalento corre
escorre
todo verbo se faz inerte
toda palavra escura
todo sentimento vão
tudo todo torpe ou não
some
empalidece
apaga
finda
fim